Alianças são mais fortes que acordos: Uma coluna de Ingo Plöger

Por Ingo Plöger*

O mundo contemporâneo construiu um enorme arcabouço de acordos, nacionais, regionais, multilaterais que regram as relações internacionais de comercio, investimentos, comunicações e por aí vai. O cenário atual, mostra que houveram vários rompimentos destes entendimentos, com a redução de importância da OMC, Acordo de Kyoto, OMS entre tantos outros, que a situação atual é de uma confusão generalizada, por falta de regras confiáveis, como expressou recentemente o ex- Sec Geral da OMC Embaixador Roberto Azevedo no 23 Congresso da ABAG.

Colocou-se entropia no sistema internacional, gerando uma desordem e desequilibrando o jogo de interesses, e acordos. O fato de enfraquecer as organizações multilaterais, e deixar de ter as forças regulamentadoras operarem, fortaleceu a selvageria daqueles que força possuem. Os EUA, cujo interesse de se manter na vanguarda econômica se contrapunha à ascendência da China na OMC, insere em suas prioridades as forças amigas – friendshoring – e o safeshoring – enquanto a União Europeia estabelece regras para o mundo todo sobre o que é conveniente e certo na área das mudanças climáticas pelo seu – Green Deal -. A China na sua reedição da Politica Industrial global, estabelece prioridades oportunísticas de comercio e investimento com quem melhor puder interagir, e restabelece um Novo BRIC´s plus na qual ela é a protagonista preponderante. Enquanto isto a Rússia, aproveitando a recuperação pós Covid avança na estratégia da força em recuperar espaços da antiga União Soviética.

O estabelecimento desta entropia sem regramento interessa a todos estes citados, pois estabelecerão por seus vetores de interesse e poder novas constelações de relações, e vantagens, que após esta fragmentação, sabem, que virá o esforço novo de reestabelecer o multilateralismo. Este porem partirá destas novas realidades, e assim a nova ordem terá contemplado as estruturas que eles estão formando.

Poderá levar anos ate isto se reestabelecer, ou muito pouco tempo se houver uma catástrofe mundial que obrigue a todos a sentarem de novo em volta da grande mesa global. Sinceramente não sabemos pelo que torcer, pois a realidade desta dinâmica indica este cenário.

A fragmentação nítida e clara, não é só um fenômeno internacional, mas observamos o mesmo nos aspectos das políticas nacionais e ate comunitárias. Observamos além disto um enfraquecimento das democracias e um ressurgimento de regimes monocráticos autoritários e monopolistas onde o Estado assume dimensões muito mais presentes. As relações internacionais se dão nas direções da conveniência e de princípios. Quando ambos estão em desequilíbrio, conflitos de toda ordem se instalam e as soluções se tornam muito difíceis.  E é nesta situação que nos perguntamos:

                                                        Quo vadis América Latina?

Um continente que majoritariamente é democrata, onde o socialismo está em crise pois os governos e partidos de esquerda não se entendem o quanto de democracia é fundamental e necessária, e ao mesmo tempo que a nova direita, atropela a institucionalidade e as boas regras para instalar um regime de lei e ordem contrapondo a governança democrática.

Provavelmente outros continentes democráticos estejam na mesma situação partindo de partidos que perderam a adesão dos seus eleitores e estes buscam na autenticidade do extremo, o seu ponto. Mas a despeito desta “desordem” observa-se uma corrente onde a América Latina apresenta competências que são reconhecidas como forças. A força do Agronegócio, que mostra a sua contribuição na segurança alimentar, em especial nas proteínas animais e vegetais, ou a segurança energética com uma incrível participação das sustentáveis, e a potência tropical pelos fatores três vezes maior do que outros climas, resultando na força ambiental climática. Uma sociedade de alta diversidade, mas unida. Por serem democracias de dezenas de anos, a inserção das diversidades e a credibilidade nos processos oferecem substancia essencial na composição de alianças futuras, que é a confiança.

Quando os acordos não se tornam mais eficientes, o que se instala são as crises de crescimento, confiança e esperança.  

Restabelecer a esperança, é através da conjugação de alianças. A aliança simbolizada pelo anel representa uma união de diferentes para objetivos comuns, formam um pacto, uma coligação uma fusão.

É a hora de alterar o pensamento dos acordos, para buscar alianças que juntem objetivos comuns na adversidade. A esperança cresce quando se percebe que alianças que buscam uma finalidade boa e construtiva se estabelece dentro do meio competitivo.  A América Latina tem muitos temas onde alianças podem prosperar e que possam criar visões e esperanças, mesmo na controvérsia. As soluções de nosso continente na cadeia produtiva alimentar, para reduzir a pobreza, fome e alimentar segmentos importantes mundiais é uma destas vertentes. Por termos energias renováveis competitivas, nesta integração continental, a atração de investimentos produtivos para a produção de produtos sustentáveis é outra opção. E nas forças da potencia dos trópicos a Biocompetitividade nos une nas mudanças climáticas. A dinâmica criativa da diversidade aliada à abertura para as tecnologias sociais digitais formam soluções de baixo para cima de alto impacto.  Estas alianças já podem se notar nas reuniões preparatórias do G20, ano que vem na reunião dos BRIC´s+ e na COP 30. O protagonismo temático será nosso, mesmo não tendo o powershoring dos outros, mas tendo este  softpower alimentando a esperança é, e será  nossa grande força.

Assim seremos sem duvida um alimentador relevante de esperanças construindo alianças fortes baseados na transparência, e na confiabilidade construindo credibilidade.

O resultado da construção da aliança na esperança com credibilidade será a prosperidade.

*Ingo Plöger é Empresário brasileiro, Presidente CEAL Capitulo brasileiro

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